terça-feira, 21 de outubro de 2008

Antas do Concelho de Évora: novos dados

Um dos objectivos propostos para a campanha de 2008/09 da Carta Arqueológica do Concelho de Évora visa a georeferenciação de vários monumentos megalíticos (bem como de vários outros sítios arqueológicos de maior relevância), anteriormente cartografados sem recurso a GPS. Este objectivo foi estabelecido por não se considerar eficaz o rigor cartográfico dos dados anteriormente disponíveis (1:50.000 ou 1:25.000) na protecção, salvaguarda e gestão deste património arqueológico e arquitectónico. Até este momento foram georeferenciados quatro antas (identificadas ao longo das décadas de 40, 50 e 60, pelo casal Leisner e por Carvalhosa, Galopim e Leonor Pina), tendo sido possivel, "de caminho", a identificação de três novos monumentos inéditos.
Monumentos Georeferenciados:
1 - Anta da Herdade da Tisnada (Pereira, 1875; Silva, 1890; Leisner, 1949; Leisner e Lisner, 1959)
Localização: m - 224623 p - 163096 (folha nº 471 da C.M.P. )

2 - Anta da Herdade das Atafonas (Leisner, 1949; Leisner e Leisner, 1959)

Localização: m - 231145 p - 161191 (folha nº 471 da C.M.P.)

3 - Anta da Mesquita (Carvalhosa, Galopim e Pina, 1969)

Localização: m - 224722 p - 168105 (folha nº 471 da C.M.P.)

4 - Anta Pequena do Zambujeiro (Leisner, 1949; Leisner e Leisner, 1959; Lynch, 1991)

Localização: m - 210063 p - 174811 (folha nº 459)

Monumentos Inéditos:

1 - Anta do Freixo de Baixo 1 (Inédita)

Localização: m - 223333 p - 162378 (folha nº 471 da C.M.P.)

2 - Anta 2 do Freixo de Baixo (Inédita)

Localização: m - 223333 p - 162378 (folha nº 471 da C.M.P.)

3 - Anta do Monte dos Butareos (Inédita)

Localização: m - 223333 p - 162378 (folha nº 471 da C.M.P.)

Base de Dados do Património Arqueológico do Concelho de Évora


A equipa responsável pela elaboração da Carta Arqueológica do Concelho de Évora obteve, nesta fase, uma nova e importante ferramenta de auxílio aos objectivos deste trabalho.
Em colaboração com Gabinete de Informação Geográfica da Câmara Municipal, foram inseridos num sistema SIG os ortofotomapas do Concelho de Évora, associados à base de dados do Património Arqueológico concelhio, originando um instrumento de fácil acesso aos inúmeros elementos (cerca de 2000) já levantados no âmbito das campanhas realizadas.
As possibilidades de trabalho e apresentação da informação ficaram assim exponencialmente relevadas, através das facilidades de pesquisa e acessibilidade informativa que estes sistemas possuem.
De momento, ainda só estão inseridos os elementos cartografados entre 2000 e 2004, sendo já possível a observação do sítio mediante a relação com a envolvente paisagista e outros elementos arqueológicos nas proximidades. Como é óbvio, a existência desta ferramenta tem a sua utilidade no âmbito de trabalhos futuros de prospecção, bem como numa valência de ordenamento do território e consequente preservação do património arqueológico.
Estando a sua utilização limitada, de momento, aos serviços que se ocupam do desenvolvimento da Carta Arqueológica, é de todo desejável investir na consolidação de um sistema capaz de tornar acessível a informação a um público mais vasto, via Internet, depurando a base de dados, de forma a servir inúmeros propósitos, quer sejam os da investigação e/ou valências de ordenamento do território, ou a simples curiosidade pela riqueza arqueológica eborense.
Convém ainda referir que a base de dados não se limita aos elementos arqueológicos, cartografando também os principais monumentos e imóveis classificados do concelho, onde se contam elementos pouco conhecidos do grande público, como é o caso das quintas e das azenhas, possibilitando assim a eventual criação de percursos temáticos.

Imagem 1: Exemplo do interface do Sistema Sig, com exemplo dos elementos cartografados

Imagem 2: Exemplo do interface do Sistema Sig, com exemplo dos elementos cartografados
Imagem 3: Exemplo do sistema de pesquisa e exposição informativa dos vários elementos arqueológicos

Imagem 4: Exemplo do interface SIG, com associação do layer da topografia do concelho (5m equid.)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Identificação de novos contextos de época romana, junto ao Monte da Torre do Lobo (Évora, Torre de Coelheiros)

Os recentes trabalhos de prospecção, actualmente em curso no concelho de Évora, permitiram a identificação de mais um importante contexto de época romana; junto ao marco geodésico da Torre do Lobo (situado a escassas centenas de metros do monte) e ao longo de toda a crista envolvente, foram identificados vestígios de uma Villa, onde, apesar das fracas condições de visibilidade do terreno, foi possível registar abundantes vestígios arquitectónicos e arqueológicos.
Junto ao monte foram também identificados vários silhares, pesos de lagar, marcos miliários e uma lapide funerária epigrafada, material este que se supões ter sido trazido dos seus contextos originais, na envolvente directa, tanto para ser aproveitado na construção da atalaia medieval da Torre do Lobo e do monte envolvente como pelo seu, diacrónicamente reconhecido, valor estético e importância histórico-cultural, sempre presente no imaginário dos habitantes e conhecedores das paisagens Alentejanas.


Fig. 1 - Cartografia sobre Ortofomapa (folha nº 471 da C.M.P.). A zona 1, no centro, corresponde á área de dispersão de materiais da Villa romana identificada na Torre do Lobo. A zona 2, no canto inferior direito, corresponde á atalaia medieval da Torre do Lobo e monte envolvente, onde foram identificados inúmeros elementos arquitectónicos de época romana.
Localização da Villa: m - 218964; p - 161549 (Rigor: GPS)
Localização do Monte da Torre do Lobo: m - 218029; p - 162179 (Rigor: GPS)
(folha nº 471 da C.M.P.)


Fig. 2 - Vista sobre a localização da Villa da Torre do Lobo, a partir do Monte.


Fig. 3 - Grande silhar identificado junto a um dos inúmeros marouços existentes na Villa da Torre do Lobo.

Fig. 4 e 5 - Torre do Lobo. Atalaia Medieval referida por Tulio Espanca: (...) " Torre de secção quadrangular, com cerca de 10 metros de altura, possivelmente contemporânea das suas congéneres da Camoeira e Giesteira. Sofreu profundas alterações em épocas recentes que lhe adulteraram a forma e os volumes originais. São visíveis vestígios antigos do séc. XVI. Apresenta varias construções anexas." (...) (Espanca, 1985).

Fig. 6, 7, 8 e 9 - Vários silhares, provavelmente provenientes da Villa adjacente, recentemente identificados junto ao Monte da Torre do Lobo.

Fig. 10 - Pia, em mármore.


Fig. 11 - Peso de Lagar.

Fig. 12 e 13 - Marcos miliários.

Fig. 14 e 15 - Lápide funerária epigrafada, eventualmente proveniente de uma necrópole relacionada com a Villa. Nela se pode ler "Tongetae Pitinnae F." (mandado fazer por Pitinnae, em memória de Tongetae).