segunda-feira, 21 de julho de 2008
O Castelo do Giraldo revisitado
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Cartas Arqueológicas publicadas, ou em vias de publicação, em Portugal: a informação disponivel.
Carta Arqueológica do Concelho de Fronteira
Carta Arqueológica do Marvão
Carta Arqueológica do Concelho do Sabugal
Carta Arqueológica do Concelho de Sesimbra
Carta Arqueológica de Portugal
Carta Arqueológica do Concelho de Ourém
Carta Arqueológica Subaquática dos Açores
Carta Arqueológica do Concelho de Cantanhede
Carta Arqueológica do Concelho de Vila Pouca de Aguiar
Carta Arqueológica do Concelho da Guarda
Carta Arqueológica do Concelho de Macedo de Cavaleiros
Carta Arqueológica do Concelho de Vila de Rei
Carta Arqueológica do Concelho de Castelo de Paiva
Carta Arqueológica do Concelho de Castelo de Vide
Carta Arqueológica do Tejo Internacional
Carta Arqueológica do Concelho de Santiago do Cacém
Carta Arqueológica Subaquática do Concelho de Peniche
Carta Arqueológica de Vila Franca de Xira
Carta Arqueológica do Concelho de Montijo
Carta Arqueológica do Concelho de Lousada
Carta Arqueológica do Concelho de Odivelas
Carta Arqueológica do Concelho de Carregado do Sal
Carta Arqueológica dos Açores
Carta Arqueológica Subaquática do Concelho de Cascais
Carta Arqueológica do Concelho da Lousã
Carta Arqueológica do Concelho de Redondo
Carta Arqueológica do Concelho do Alandroal
Carta Arqueológica do Concelho de Mora
Carta Arqueológica do Concelho de Mafra
Carta Arqueológica do Concelho de Sátão
Carta Arqueológica do Concelho de Óbidos
Carta Arqueológica do Concelho de Sousel
Carta Arqueológica da Madeira
Carta Arqueológica do Concelho de Arraiolos
Carta Arqueológica do Concelho da Amadora
terça-feira, 8 de julho de 2008
Mesopotâmia
O carácter excepcional do megalitismo eborense relaciona-se, em boa parte, com a estrutura física da paisagem do Alentejo Central.
Em Évora, confluem, efectivamente, três dos grandes caminhos naturais da Península Ibérica: as linhas que separam as bacias hidrográficas do Tejo, do Sado e do Guadiana.
Essa posição estratégica, em termos de transitabilidade natural, articula-se igualmente com a escolha da localização da Ebora romana, nas proximidades do entroncamento das vias naturais para Augusta Emerita, Olisipo e Pax Iulia.
Megalithica Ebora - Centro Interpretativo
Contributos para a Carta Arqueológica do Concelho de Évora: uma breve história da investigação.
Os dados publicados pelos autores anteriores ao sec. XX (e primeiras décadas deste século) são quase todos muito vagos, sobretudo no que diz respeito à localização dos sítios arqueológicos; no entanto, para além de serem numericamente pouco importantes, estes dados foram, em boa parte, revistos e melhor circunstanciados, pela investigação mais recente.
Nas décadas de 40 e 50 do século XX, destacam-se as obras dos arqueólogos alemães Georg e Vera Leisner (Leisner, 1948-49; Leisner e Leisner, 1956, 1959), cujos métodos de trabalho produziram uma das obras fundamentais para o estudo do megalitismo eborense e não só. Apesar de terem usado cartografia de pequena escala (1:100 000), as indicações que, nos textos, são avançadas sobre a localização de grande parte dos monumentos, ainda hoje são de extrema utilidade. Por outro lado, para além de terem levado a cabo um levantamento bibliográfico bastante exaustivo sobre as fontes mais antigas, os Leisner localizaram e descreveram um elevado número de monumentos inéditos.
Posteriormente, nos anos 60 e 70, verificaram-se significativos avanços no conhecimento do megalitismo regional, graças às descobertas de Henrique Leonor Pina, José Pires Gonçalves e do chamado “grupo do Hospital” que integrou nomes como Galopim de Carvalho e Quintino Lopes. Coube aos primeiros, com destaque para Leonor Pina, a identificação e publicação (Pina, 1971) dos primeiros recintos megalíticos de Évora e de alguns novos menires isolados.
Sobre a época romana, outro dos temas maiores do património arqueológico de Évora, merecem destaque alguns trabalhos temáticos, nomeadamente sobre a rede viária (Saa, 1963) e sobre a epigrafia (Encarnação, 1984), ou ainda uma obra de síntese, à escala nacional (Alarcão, 1988), cujos dados, apesar de substanciais, enfermam, geralmente, de deficiente precisão locacional.
Convém ainda referir que a cartografia geológica, na escala 1: 50 000, contemplou, por norma, alguma informação arqueológica - sobretudo referente a monumentos megalíticos - embora, infelizmente, as notícias explicativas raramente ultrapassem o nível da listagem, sem qualquer elemento descritivo.
Efectivamente, só nos finais dos anos 80 do século XX, se iniciaram, no concelho de Évora, os primeiros projectos de prospecção de superfície, mais ou menos sistemática e de alcance diacrónico.
Um deles teve como objectivo a elaboração da Carta Arqueológica do Concelho de Évora (CACE); coordenado por Jorge de Oliveira (Oliveira et al., 1987), contou com escassos apoios, disponibilizados pelo IPPC, no contexto de um programa de Carta Arqueológica nacional, entretanto abandonado.
Outro projecto desenvolvido na mesma altura foi o Evora Archaeological Survey (EAS), coordenado por Colin Burgess, da Universidade de Newcastle, com o objectivo específico de estudar o contexto arqueológico do recinto megalítico dos Almendres. (Burgess et al, 1987).
Na década seguinte, outros trabalhos de prospecção vieram alargar a base de dados disponível, nomeadamente o projecto dirigido por José Manuel Mascarenhas, no âmbito do Programa Stride (Mascarenhas, 1995), o trabalho de reunião de dados efectuado por António Carlos Silva entre 1998 e 2000 bem como dois outros, dirigidos por Manuel Calado; o primeiro destes incidiu na área envolvente do recinto de Vale Maria do Meio e no traçado da A6, em 1994-95 (Calado, 1995; Calado e tal., 2004), e o segundo na área das Herdades das Murteiras (e propriedades anexas, da Fundação Eugénio de Almeida), em 2001 (Calado, 2001b; 2006a).
Infelizmente, alguns destes trabalhos não chegaram a ser objecto de publicação integral, encontrando-se disponíveis apenas sob a forma de relatórios inéditos. Ainda durante 2003 e 2004 foi também realizada a revisão da parte arqueológica do PDM concelhio (Calado, 2003; Calado, 2005), trabalho este que veio acrescentar cerca de cinco centenas de novos monumentos e sitios arqueológicos das mais diversas cronologias, tipos e implantações.
Ainda nos anos noventa, merece destaque o projecto de investigação sobre os monumentos de Vale de Rodrigo (Kalb, 1993; Kalb e Höck, 1997; Larsson, 2001) que, apesar de apostado fundamentalmente na escavação da necrópole megalítica, não deixou de acrescentar alguns sítios inéditos, na área envolvente dos sítios escavados; também neste caso, se aguarda a publicação definitiva dos resultados.
Seg. Calado, Santos e Carvalho, 2008
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Editorial
Salvo o estudo de algumas realidades relacionadas com a Pré e Proto História, merecedoras de crescente atenção por parte de inúmeros investigadores, subsistem outro tipo de cronologias que aguardam semelhante investimento.
Posto isto, o presente texto serve para dar conhecimento do arranque efectivo dos trabalhos, que se irá desdobrar em inúmeras vertentes e valências, nas quais se conta a formação deste blog.
Na sequência dos trabalhos realizados para esta edilidade por Manuel Calado entre 2003 e 2004 vimos, por este meio, propor o seguinte:
1. Continuidade das prospecções na zona rural do concelho, com inevitável revisão do trabalho já realizado
Dos cerca de 1800 sítios inventariados à data acima referida, alguns verificam-se actualmente desactualizados em termos de avaliação e impacto ambiental. Consequentemente, recentes trabalhos no concelho condensam novos dados (e não são poucos) ainda não introduzidos na base de dados, por manifesta ausência de recursos humanos para o efeito. Assumimos o compromisso de realizar tal tarefa, que se impõe como urgente devido à precariedade de diversos sítios arqueológicos.
Paralelamente, e no seguimento lógico desta tarefa, é fundamental que se prossiga com novas campanhas de prospecção, de forma a colmatar as lacunas territoriais que permaneceram após o trabalho de Manuel Calado.
2. Revisão dos conteúdos e sua organização nas bases de dados existentes
Neste ponto, a nossa proposta resume-se à revisão de alguns sítios não cartografados com a precisão actualmente exigida. Referimo-nos, em particular, àqueles marcados com recurso a cartografia 1.50.000 e 1:100.000, que envolve inevitáveis falhas quando introduzidos em estudos de impacto ambiental e alterações paisagísticas.
3. Criação de uma sistemática de monitorização e actualização constantes dos dados introduzidos
Dado o volume de dados existentes, sabendo de antemão a mutabilidade da paisagem bem como a frequência de novos achados arqueológicos, em particular na sua componente rural, é imperativo que se estabeleçam lógicas de monitorização e actualização quer dos dados antigos, quer de novos sítios localizados no espaço do concelho de Évora. O compromisso é, posto isto, e na medida do possível, tentar estabelecer linhas de comunicação com os vários organismos oficiais estabelecidos no território (ex: Juntas de Freguesia; Universidade; Fundação Eugénio de Almeida, etc) e particulares (ex: proprietários de herdades). Neste ponto, não é de invalidar a colaboração informal do “arqueólogo amador”, que não amiúde, em sucessivas batidas de campo, poderá trazer a lume importantes informações de outra forma impossíveis de obter.
4. Aplicação e integração em base de dados das informações respeitantes ao Centro Histórico de Évora
A introdução, na mesma base de dados, das informações respeitantes ao Centro Histórico assume o seu carácter de uniformização de toda a informação num único suporte informático. Comprometemo-nos, no seguimento, a estabelecer lógicas de acompanhamento de qualquer intervenção realizada no CHE, cruzando estas informações com as já disponibilizadas na Carta de Sensibilidade Arqueológica (CSA). Assumindo igual tratamento a espaço rural e urbano, o compromisso e/ou objectivos serão a utilização de uma metodologia única, facilitando-se os processos de intervenção e trabalho na área.
5. Criação de cartografia especifica para todo o concelho
Neste ponto, o que pretendemos é a criação de elementos de correspondência visual com as leituras encetadas no terreno. O recurso às tecnologias de geo-referenciação (SIG) serão, posto isto, fundamentais para integrar dados com cartografia específica. Em última análise este ponto antecede a criação de uma extensa cartografia relativa ao património eborense que, no seguimento da recente revisão do PDM, é uma importante ferramenta de planeamento e valorização territorial.
6. Criação de um projecto para disponibilizar a informação via online, com a realização de um site específico integrado no site principal da CME
Neste ponto, atendendo à metodologia já implementada além-fronteiras, bem como ao seguimento da disponibilização do Plano Director Municipal via Internet, é importante que se consiga projectar um site especificamente direccionado para esta temática, assumindo o seu carácter pioneiro em território nacional. As razões para tal prendem-se com a necessidade de disponibilizar, de forma rápida, um volume de dados que, de outra forma, seria impossível de sistematizar. Este tipo de informação, regra geral somente acessível a uma percentagem ínfima de especialistas e estudiosos, abarcaria assim um outro público, alargando-se consideravelmente o espectro daqueles que poderiam intervir nesta área, com contribuições várias (ex: estudantes; proprietários dos terrenos onde se localizam muitos e desconhecidos elementos patrimoniais; proprietários de habitações urbanas que estariam mais atentos a achados nas suas propriedades; instituições com responsabilidades várias na área do património, etc).
7. Realização de estudos e artigos intercalares que visam a divulgação do trabalho da Câmara na área e consequente valorização do património do concelho
O compromisso aqui, será o da produção de informação num suporte mais imediato e menos técnico, no sentido de divulgar e informar a generalidade da população dos trabalhos nesta área. Dentro do possível, tentar-se-á estabelecer um método de divulgação único, como forma de preparar uma publicação final, de carácter mais científico, onde seria compilada toda a informação recolhida durante a execução do projecto.
8. Realização e publicação da Carta Arqueológica do Concelho de Évora
A sistematização dos dados envolve a sua divulgação num suporte reconhecível e universal, de acesso universal. Neste ponto, é fundamental que a Câmara Municipal de Évora, dada a natureza e riqueza particular do seu património invista na sua divulgação. Assumindo que a criação de um site específico poderia colmatar algumas particularidades dessa missão, uma publicação em suporte de livro dignifica e promove a imagem da CME, assumindo, e apesar da constante evolução deste tipo de trabalho, uma marca fundamental e novamente pioneira num contexto português.
MODELO APLICADO.
Base de Dados e Campos Constituintes
Sabendo que não existe, nem pode existir, um modelo universal de bases de dados (encontra-se sempre dependente de diversos parâmetros, onde se poderão destacar os objectivos do trabalho, bem como a natureza do objecto a trabalhar), vimo-nos no imperativo de consultar quem já deu provas na área.
Em reunião com o Prof. Dr. Manuel Calado, conseguimos afinar os nossos critérios de pesquisa, bem como a formulação de um modelo de dados aplicável à realidade patrimonial eborense, nas suas vertentes rurais e urbanas. Tal base não pretende definir uma sistematização de campos final. Pretende apenas atingir um ponto de equilíbrio entre a coerência informativa e a quantidade de informação relevante.
Neste sentido, existem campos de finalidade indefinida, que servem como os auxiliares óbvios a outros que não poderão ser definitivos como elemento de informação. Referimo-nos, em particular, aos campos ´ÉPOCA´ e ´TIPO´, introduzidos tendo como modelo o thesaurus do ex-Instituto Português de Arqueologia (IPA).
Ou seja, muito daquilo que irá ser preenchido, será na tentativa de harmonizar o que já foi feito por Manuel Calado, assumindo novos campos especificamente direccionados para a realidade urbana do CHE (ex: Grau de Sensibilidade Arqueológica), com alguns elementos de bases já existentes no território português.
Posto isto, os campos escolhidos são os seguintes:
1. N_ORDEM: número identificativo do sítio na base de dados;
2. DESENHO: eventuais levantamentos do sítio e/ou planta de localização;
3. DESIGNAÇÃO: nome do sítio atribuído pela proximidade de topónimo (espaço rural); nome de rua e/ou número de polícia;
4. MICRO_TOPÒNIMO: designação em Plano de Urbanização (Março de 2000) do imóvel, quando existente (regime urbano); outros nomes pelos quais se reconhece o sítio, de atribuição vernácula e/ou popular (ambiente rural);
5. CARTA_MILITAR: somente aplicável na realidade rural. Número da carta militar onde está inserido o sítio;
6. FREGUESIA: nome da freguesia onde se localiza o sítio;
7. RIGOR: rigor da marcação geo-referenciada do sítio;
8. MERIDIANO: cota X do sítio (elemento SIG);
9. PARALELO: cota y do sítio (elemento SIG);
10. ÉPOCA: de acordo com o campo “Período Histórico” do thesaurus do ex-IPA. Poderá ser preenchido por mais do que uma entrada;
11. TIPO: de acordo com o campo “Tipo de Sítio” do thesaurus do ex-IPA. Poderá ser preenchido por mais do que uma entrada;
12. DESCRIÇÃO: pequena referência ao sítio arqueológico, com sucinta descrição de eventuais achados;
13. FOTOS: referência ao número de fotos tiradas no e sobre o sítio. Remeter para uma base fotográfica paralela;
14. OBSERVAÇÕES: campo abrangente, que serve para acrescentar dados relativos ao sítio, que não tenham lugar em mais nenhum dos campos (ex: cronologias paralelas; achados paralelos; curiosidades, etc);
15. BIBLIOGRAFIA: introduzir bibliografia sobre o sítio, informações orais e relatórios arqueológicos inéditos;
16. PROTECÇÃO: protecção legal em vigor, quando existente. Poderá ser preenchido com a entrada “em vias de classificação”;
17. DECRETO-LEI: número e ano do documento legislativo que regula a protecção legal do sítio;
18. GRAU_SA: Grau definidor de uma sensibilidade arqueológica, na linha do documento Carta de Sensibilidade Arqueológica para o Centro Histórico de Évora. Somente aplicável no CHE;
19. PROPRIETÀRIO: referência, quando possível, do proprietário e/ou proprietários do espaço em que se insere o sítio arqueológico.
20. ESTADO DE CONSERVAÇÃO E AMEAÇAS: referência ao estado de conservação do elemento patrimonial e, sempre que se justifique, alusão às ameaças e aos riscos que possam colocar em perigo o monumento\sítio.
Megalitismo funerário (fig.1) e não funerário (fig.2) do Concelho de Évora
Distribuição do total dos sítios arqueológicos identificados no Concelho de Évora.